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>> Colunistas > Lázaro Freire Evangelho no Lar Universalista - Vantagens, e Como Fazer Publicado em: 23 de janeiro de 2009, 15:07:36 - Lido 6481 vez(es) --- Em voadores, Angel <angelpock> escreveu > Li a matéria que sugeriu, e voce falou sobre a necessidade de > proteção espiritual do lar, referindo-se a um evangelho no lar. > Mas isso me soa muito "espirita". Não precisa ser uma prática espírita. Mas é deles que vem o termo, e a popularização de práticas espiritualistas semanais em casa, pelo menos no Brasil. Se você for hinduista, pode fazer uma repetição de mantras. Se for católica, pode rezar um "terço em família", que é muito parecido com a repetição de preces dos hindus. Se for budista ou yogue, pode orientar uma meditação semanal. Se você é rosa-cruz, provavelmente já faz sua prática semanal em seu sanctum. E você pode também ler com base no Tao Te King, no Baghavad Gitá, ou em outra referência positiva universal. A idéia em comum é ter um momento simbólico e interior na casa, com periodicidade frequente e compromisso entre o ambiente, os membros da família e suas referências espirituais. Algo que visivelmente mude, ainda que por um momento, a frequência média dos pensamentos, e associe o local a alguma transcendência. Com o tempo, estas práticas fortalecem o ambiente doméstisco, protegem as saídas do corpo, dissolvem energias pesadas, ajudam a "reabastecermos" a sintonia para a semana e de algum modo "abrem os caminhos" dos moradores. Além de interiorizarem valores éticos e espirituais entre os participantes. O QUE USAR: Eu, particularmente, fazia minhas leituras e reflexões revezando alguns dentre: - textos do Osho - Tao Te King - alguns livros espiritualistas de mensagens evolutivas - leitura progressiva de um capítulo por dia do evangelho de verdade, na tradução ecumênica "A Bíblia na Linguagem de Hoje". Embora alguns espíritas se esqueçam, "evangelho" não é uma obra de Kardec, e sim 4 livros bem interessantes da Bíblia, que não são moralistas como as cartas de Paulo e Pedro, nem sangrentas e superticiosas como o Velho Testamento, e tem algumas boas traduções em linguagem de hoje em dia. A idéia de Kardec não era substituir esses livros, mas sim servir de modelo a que o interpretassemos de forma atualizada e condizente com nossos valores espirituais, espíritas ou não, o que podemos fazer nos dias de "Evangelho no Lar". Mas para quem é espírita, a tradicional leitura comentada do "Evangelho Segundo o Espiritismo" é interessante. Lembrando que aquele livro é um ótimo modelo de como discutir as palavras de Jesus (ou de qualquer outro mestre espiritual), e não um corpo dogmático como veem alguns. Caso use Kardec, procure uma tradução moderna, sem termos rebuscados. É mais apropriado para as crianças, e ajuda a retirarmos a camada mais religiosa e formal. COMO FAZER: Em suma, o que importa não é o teor do dogma, nem se você estará rezando para Maria ou para Lakshimi, mas sim a formação de egrégora e mudança vibracional, sua e do ambiente, através das seguintes atitudes, POR EXEMPLO: a) Parar a casa uns 15 minutinhos antes. Desligar TV, colocar uma toalha branca na mesa, por uma musica clássica ou new-age para tocar. Água na mesa, para energização durante a prática, e tomar no final. Velas e incenso acesos, para quem gosta. NUNCA deixar para preparar tudo na última hora. É fundamental que o ambiente tenha pelo menos 10 minutos de "esterilização". (Note que você pode fazer tudo isso sem precisar citar nada de cunho espírita ou cristão). b) A partir deste momento, até o fim da prática, não atender mais campainha, telefone, celular, nada. Não é difícil, é como se você estivesse ido à padaria sem telefone. Ou no cinema. Ninguém vai morrer se retornarmos meia hora depois. E se já morreu, ainda dá tempo para o velório. :o) c) Convidar, ainda que enfaticamente, a todos da casa. Mas eu disse CONVIDAR. Isso também ajuda a mantermos a prática o mais universalista e didática possível. O objetivo não é impor ou discutir crenças, nem transformar a mesa em palquinho para discurso espírita ou voador do mais esclarecido, mas sim unir vibrações. Nada impede da vovó rezar sua ave maria em um momento (ela vai adorar ser acompanhada uma vez na vida), nem das pessoas aprenderem com um texto do Osho, ou do evangelho. Ter que falar em linguagem que as crianças acompanhem também ajuda a manter um certo filtro universalista. d) Se alguém se recusar terminantemente a participar, e a casa for sua, então pedir para que fique no quarto por um tempo, de preferência em silêncio, respeitando o seu direito de manter a egrégora (e aparelhos sonoros desligados) tanto quanto você respeita o dele de não participar. E lembrando que será bem vindo quando quiser participar do bate papo familiar. (Mas se a casa não for sua, e quem não quiser participar forem os donos, então inverte-se a coisa, somos nós quem faremos no quarto, e convidaremos os que quiserem entrar) e) A prática pode ser simples. 15 minutos antes, começa a música - e, se for o caso, velas, incenso, já com a mesa simbolicamente transformada para o branco. Para quem usa imagens ou símbolos evolutivos, nada impede que estejam por lá também, sem exageros. Com este rito, todos sabem que está acontecendo algo. Todos vão se preparando para sentar, o que deve ocorrer uns 5 minutos antes, para que se comece no horário estipulado, e para que quando começar todos já tenham ficado um tempinho em silêncio consigo próprios. Este pequeno rito já serve de "meditação" ou "parar a mente" para os mais irriquietos. Mas vale o mesmo procedimento para quem mora sozinho. f) No horário, fazer uma abertura. Pode ser prece ou palavras próprias. Comunicar com a espiritualidade, com seus deuses, com o seu eu interior, com Deus, com o Tao. Qualquer referência superior que seja transcendente ao ego de todo já dia serve. g) Proceder com a leitura, ou leituras. Em voz alta, mesmo se estiver sozinho. Não exagerar para não ficar pesado e rotineiro, aqui qualidade é mais que quantidade. Para quem é de alguma religião, sugiro uma de suas práticas ou livros de base (kardec para os espíritas, tao te king para os taoistas, evangelho para os cristãos, etc), e uma leitura de algo diferente variando a cada dia dentre algumas opções (incluindo as anteriores). h) Após cada uma leitura, comentar brevemente. Toda a parte de leitura e comentários não deve passar de 10 ou 15 minutos. O ideal é que cada um possa ser estimulado a dizer com suas palavras o que compreendeu. Mas não precisamos torturar as crianças ou a vovozinha para que façam isso se não conseguirem. Novamente, não é hora de prolongamentos. Não vale o dono da casa se aproveitar da leitura do dia para dar lição de moral em alguém da mesa - e muito menos forçar um texto do dia de acordo com o que quer transmitir para alguém. Se por algum acaso o texto do dia vier em resposta a algo ocorrido, a própria coincidência já servirá de alerta aos envolvidos. i) No final, emanar boas vibrações ou pensamentos. POde ser em direção ao alto, mas também pode ser para quem precise. Podemos pensar nos parentes ausentes, nas pessoas a quem amamos, no nosso local de trabalho, nos nossos desafetos, nos hospitais, nos locais de sofrimento, etc. Vai de acordo com a atitude de cada um. j) Energizar a água do centro da mesa. Pode ser com as mãos de todos, ou com o pensamento. Se a vovó achar isso muito espírita, peça que ela faça uma prece dela, e diga que estão transformando em água-benta. Dá na mesma. k) Encerrar, com prece, texto ou palavras próprias. Se desejarem, participantes podem fazer outros breves comentários ou agradecimentos. No final, colocar um pouco de água nos copos, de modo a que todos tomem pelo menos uma "dose" da água que foi fluidificada. É um simbolismo antigo, que não tem nada de "espírita", e nos remete dentre outras coisas à absorção emocional, em nosso interior, daquela energia (ou reflexão) que foi trabalhada ali. OBSERVAÇÕES: - Todo o processo não deve jamais ultrapassar meia hora após o começo, sendo 20 minutos uma duração ideal. - Marcar um dia da semana e horário, e mantê-lo ao máximo possível, mesmo que falte alguém, como se houvesse compromisso com a espiritualidade. É assim que todo rito externo funciona. - Caso não seja possível começar no horário em um dia, marcar para um pouco mais tarde, no mesmo dia. Se não for possível, marcar para o dia seguinte no mesmo horário habitual. - A repetição das práticas reforça a egrégora da casa, construindo paredes espirituais. - É bastante comum os participantes, mesmo os mais céticos, perceberem e/ou relatarem mudanças em suas vidas (abertura de caminhos) já nas primeiras semanas após a prática. - A prática no lar não substitui o hábito saudável de ter pelo menos uma atividade coletiva espiritualista ou interiorizadora semanal ou quinzenal (na pior das hipóteses, mensal). Isso porque são egrégoras diferentes, e o trabalho em grupo fortalece nossos conhecimentos e prática, não nos deixa esquecer da vida simbólica / subjetiva, além de permitir uma socialização. Pode ser uma missa, um centro espírita, um grupo de estudos, uma reunião religiosa, uma meditação coletiva, um grupo de desobsessão, uma reunião do grupo ou loja ocultista, uma aula de yoga aikido ou tai-chi-chuan focada ao crescimento interior. - Desconfie se o maior empecilho para marcar uma data e hora adequada for o horário de uma novela ou alguma outra futilidade assim. É justo que adequemos nosso lazer ao horário, até para que continue; mas se seu momento de interiorização for escravo da programação, como última opção que tem que se encaixar em tudo, provavelmente há algo errado no senso de priorização, e a atenção que daremos à prática poderá ser prejudicada. - Caso haja pessoas de várias crenças, evite tanto os fundamentalismos óbvios quanto os preconceitos, mais sutis. A virgindade da mãe de Jesus é a mesma da mãe de Buda ou de Krishna. Tanto faz repetir o terço ou o gayatri mantra. O Deus de tudo está além de nossos mitos, e o que importa nisso tudo é nossa fé, na medida em que serve de trampolim para a experiência íntima e inquestionável de cada um de nós. E quando o transcendente finalmente se manifesta, não traz ritos nem livros sagrados, não difere do Deus de outro credo - e, diante do que revela, todas nossas divergências e dúvidas se calam, em paz. -- Lázaro Freire lazarofreire@voadores.com.br
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